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Décimo Segundo Passo

“Tendo experimentado um despertar espiritual graças a esses passos, procuramos transmitir essa mensagem aos alcoólicos (ou a qualquer pessoa) e praticar estes princípios em todas as nossas atividades”.
 

A prática conjunta dos Doze Passos leva-nos a uma expansão de consciência, um despertar espiritual que nos faz sentir uma alegria de viver que achávamos não ser possível. Para isso continuar e se manter, devemos compartilhar o que descobrimos e praticar em todas as nossas atividades. 

Nesse ponto da caminhada, há uma enorme satisfação em ajudar outros alcoólicos que ainda estão sofrendo, assim como qualquer pessoa com alguma compulsão, dependência, depressão, tristeza, seja o que for. Emprestar seu tempo, suas orelhas, sua atenção plena a quem pede ajuda é simplesmente ter uma conexão imediata com o Divino. É a verdadeira compaixão. Diferente de sentir dó. Posso sentir dó de um monte de gente e ficar por isso mesmo. A compaixão é quando entramos em ação e nos dispusemos a ajudar efetivamente. Falo (e escrevo) por mim: nada preenche mais os meus vazios, angústias, insatisfações, tristezas do que fazer alguma coisa por alguém. Por mais simples que seja.  Antes de conhecer os Passos, já havia descoberto essa saída da “fossa”, como chamávamos antigamente.

Como seres humanos imperfeitos, temos buracos negros, saco cheio, vontade de dormir o dia inteiro, preguiça imensurável, baixa autoestima, insegurança, “ninguém me ama ninguém me quer”, culpa, medo da vida, medo da morte. Minhas angústias existenciais foram muito agravadas pelo alcoolismo e, com ele, surgiram outras cada vez piores. Houve momentos em que quis sair da vida por não ver solução pra mim, não saber e nem acreditar que poderia haver uma forma de ser feliz novamente. 

Na verdade, nunca quis realmente acabar com a vida, mas acabar com o desconforto, com o mal-estar, com as taquicardias gelatinosas matutinas, com a vergonha. Era um pedido de socorro. Queria colo, alguém que tivesse a varinha mágica de acabar com aquele sofrimento, que me fizesse dormir e acordar na manhã seguinte nova em folha, livre de qualquer vício, livre dos sentimentos horríveis, uma nova pessoa. Não acreditava mesmo que houvesse um fim para aquilo. Só as pessoas que têm algum tipo de adicção que destroem sua vida e perturbam sobremaneira a vida de seus familiares, sabem a dor e a solidão que existe dentro da mente e do coração de cada pessoa com alguma dependência.

Custei a entender que tudo dá muito trabalho, que não é da noite para o dia. A partir das minhas escolhas, da vontade verdadeira de mudar meus pensamentos e de fortalecer o meu caráter, da minha determinação, e do entendimento do meu Poder Superior, me tornei uma pessoa mais próxima de mim mesma, da minha essência, portanto, do poder da minha força. O caminho a percorrer ainda é longo, de conhecer a vida por baixo de todas as camadas, como uma cebola, de me conhecer cada vez mais e tentar ser uma pessoa melhor e mais alinhada com a Verdade e o Bem.

Depois de ser apresentada aos Doze Passos, minha teoria foi reforçada e comprovada. Não tem dinheiro, amores, viagens, carrão, super bike, pulos de asa-delta, mergulhos no mar de Fernando de Noronha, nem música em tecnologia 8-D, nada que me faça mais feliz que ajudar alguém e constatar que fui útil. O trabalho voluntário mais abrangente me ajudou a ver e a sentir o outro, a sofrer, a torcer, a me alegrar ou a chorar pelo outro.

Essa tem sido, quando consigo, minha fórmula de vida, minha alegria de viver, a receita de meu bolo: sair do “eu” e ir para o “nós”!  

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