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Quinto Passo

“Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.”


A única forma de terminar o Quarto Passo é marcar o Quinto. Tarefa difícil, visto que o Quarto Passo é escrito e nem sempre gostamos do que escrevemos, e muitas vezes, pode não ser fiel a quem somos. Mas já é um bom começo. Pode ser incompleto, pobre, não importa. A cada vez que o repetimos, mais próximos ficamos de nós. Não é o que sabemos ou não sabemos que dificulta nossa recuperação. O que dificulta é o que pensamos ser a verdade, a realidade. E a finalidade do Quinto Passo é colocar dentro da realidade nossas percepções e nossos pensamentos do momento.

“Duas pessoas podem viver juntas ou conversar por muitos anos, mas nunca realmente se encontrar”.

(Mary Catherwood)

 

Fácil conversar, tagarelar, fofocar, mas isso não assegura autorrevelação, não mostra o que realmente existe dentro de cada pessoa. 

“Conhecer um ao outro só pode ser fomentado abrindo-se a alma”. (John E. Burns)

Precisamos ser conhecidos por outra pessoa. Revelar nossos sentimentos, acontecimentos, nossos medos e vergonhas a uma pessoa. Esse ato de autorrevelação faz com que nos confrontemos. E, dessa forma, percebemos que essa pessoa secreta que está dentro de nós coloca uma lente de aumento nos fatos, revelando tudo muito maior do que a realidade.

Conversar e se abrir com outra pessoa revela a ambos uma nova realidade sobre a vida, e que não existe nenhuma novidade, tudo já foi feito, dito. Não somos exclusivos. E quando o outro revela que conhece bem aquele problema, que já aconteceu com ele, ou com ela, a tendência é ficarmos de boca aberta, aturdidos, dizendo: “É mesmo?!”. Sempre temos a tendência, quando não estamos de ego inflado, de achar que fizemos o pior. E o Quinto Passo revela que somos humanos, imperfeitos, ambivalentes, imaturos, inacabados.

Quando era pequena, frequentava colégio de freiras, era para lá de piedosa e confessava e comungava toda semana. Normalmente eu não tinha muito a dizer ao padre, mas quando achava que tinha feito “algo terrível”, enquanto não me confessasse, não falasse o que tinha feito, mesmo morrendo de vergonha, não tinha sossego. E assim que ele me dava o perdão e a penitência, eu voava livre e feliz que nem uma gaivota. Respirava por inteiro novamente.

Hoje não me confesso a um padre, no máximo, conversamos, mas sempre tive uma terapeuta e uma amiga. Pessoas em quem posso confiar e que, numa hora de desentendimento, não vão usar “minhas confissões” para me detonar. Normalmente, converso com mais de uma, dependendo do assunto. 

Sempre enfatizo que se tome muito cuidado na escolha de quem será o ouvido de seu Quinto Passo. Em AA sugerem que sejam os padrinhos, mesmo assim, há que se ter cuidado. Pode ser um terapeuta, um médico, um pastor, um monge, não importa. Mas, por favor, não vá convidar para esse Passo a mulher, o marido, o amante, filhos, pais!

Não há nada mais libertador que colocar para fora nossos segredos. Nada que nos engrandeça mais, nos leve adiante, sem precisarmos mais carregar um saco de pedras nas costas. Mesmo que sejam aqueles segredos do passado já revelados, mas nunca trabalhados e limpos. De novo, atenção com o ouvinte de seu Quinto Passo. Não conte todas as suas verdades a qualquer pessoa.

Miserere”, misericórdia, piedade por nós!


Somos espíritos viajantes aprendendo, evoluindo, sendo humanos.

Se queremos curar nossas almas, afastar nossas dependências, ter uma vida plena e satisfatória sem a vibração da nuvem negra da culpa, da vergonha, o Quarto e o Quinto Passo, mesmo parecendo os mais duros e difíceis, são o caminho. Sem eles, é difícil dar prosseguimento aos outros e nos manter nesse projeto.

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